O bullying de hoje e os prejuízos de amanhã

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Eu lembro que na pré-escola havia um menino que aterrorizava todos os colegas de classe. Eu devia ter uns seis anos, e lembro do medo que todos tinham daquele que foi o primeiro valentão que conhecemos. Felizmente ele não encrencou com ninguém em especial, e acho que depois de algumas semanas ele acalmou, pois não tenho mais qualquer lembrança dele. Já na adolescência por dois anos seguidos estudei com garotos com quem se deu o oposto – eles eram alvos preferenciais de zombaria dos colegas. No primeiro ano entrei na “brincadeira”, e cheguei a fazer piadas com um deles; mas no seguinte, talvez por estar mais velho, percebi que aquilo era um pouco cruel e me abstive de provocar o rapaz. Sentia-me realmente mal por ele.

Poucos anos depois um deles teve um surto no bairro em que morava, precisando ser internado. Até hoje não sei se o que ele sofreu na classe foi causa ou consequência de sua condição, mas um estudo que acaba de ser publicado mostra que o bullying tem impactos reais e de longo prazo na vida das pessoas.

A pequisa acompanhou por cinquenta anos praticamente todos cidadãos do Reino Unido nascidos durante uma semana específica de 1958, totalizando 17.638 participantes. Apesar do termo bullying ter se tornado moda, e por isso ter perdido um pouco sua força, naquela época os números já eram altos: 28% das crianças sofriam-no ocasionalmente, e 15% frequentemente.

Essas pessoas foram reavaliadas ao longo da vida; com 23 e 50 anos foram feitas avaliações sobre sofrimento psicológico, e aos 45 anos especificamente sobre doenças mentais. Agora, examinando a reunião de dados, os cientistas comprovaram que décadas depois as consequências ainda estavam presentes: não só as pessoas que sofreram bullying na infância apresentavam 50% mais sofrimento aos tanto aos 23 como as 50 anos de idade, como aos 45 a incidência de depressão e “suicidalidade” (ideias, tentativas e comportamento suicidas) eram duas vezes maiores. Menor qualidade de vida, rede social mais precária, mais desemprego e dificuldades financeiras eram outros dos problemas encontrados.

Esses números eram semelhantes aos problemas trazidos por ser colocado num orfanato quando pequeno, apenas para se ter uma noção do impacto psicológico que pode ocorrer.

A turma que critica os excessos do politicamente correto alega que “sempre foi zoado na escola e nunca se matou por isso”, queixando-se de que “agora tudo é bullying”. Não é. Bullying não é uma brincadeira à toa, pelas quais todos passam vez ou outra. É, antes, uma situação de cerco, extremamente angustiante para quem sofre, cujos resultados, vemos agora, vão muito além da infância. E o valentão (bully) que o pratica normalmente não é um psicopata-mirim, mas uma criança que também está em situação de vulnerabilidade psíquica, da mesma forma que as vítimas preferenciais.

Estar atento ao bullying e coibi-lo, portanto, é um dever moral. Por si só e por suas consequências.

DANIEL MARTINS DE BARROS
Fonte: http://goo.gl/XyDlZK

Conheça 7 fatores que podem te levar à perda de memória recente

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Não se lembrar onde guardou a chave do carro, esquecer o que pretendia procurar no Google ou ter dificuldades em recordar aquele número de telefone que acabaram de falar. Apesar dessas três situações serem muito comuns na vida, elas podem ser pistas de que há problemas na memória de curto prazo.

Segundo Maria Aparecida Camargos Bicalho, médica geriátrica e professora da Faculdade de Medicina da UFMG, essa memória de curto prazo “é a capacidade de reter, por alguns segundos, um número limitado de informações”, como, por exemplo, números de 2 a 7 dígitos. O bom funcionamento desse tipo de memória está ligado diretamente a três pontos: atenção, humor e sono. Listamos aqui sete fatores que podem alterá-los e contribuir com a perda desse tipo de memória:

1. Uso de drogas (lícitas ou não)

Não são raros os casos de bebedeira que terminam com alguém que não lembra da noite anterior. O consumo de maconha pode fazer com que você esqueça coisas que estava para dizer ou mesmo se perder no meio de uma frase. Outras drogas também provocam efeitos semelhantes na memória de curto prazo, pois agem no rebaixamento do sensório (uma região do cérebro), afetando a consciência. Algumas delas também podem aumentar a agitação e, com isso, diminuir a atenção do usuário. Isso sem falar que também podem causar distúrbios na neurotransmissão cerebral, dificultando assim a retenção da lembrança.

2. Estresse

Alguns cientistas já reconhecem que o estresse é uma das principais causas de perda de memória recente, sendo que sua intensidade e tipo influenciam bastante nesse processo. A exposição às neurotoxinas geradas pode causar uma alteração na atividade normal do sistema nervoso central, resultando até em uma atrofia da estrutura onde as memórias se originam, o hipocampo.

3. Medicamentos

Quando o medicamento lida diretamente com o sistema nervoso central, há uma chance dele afetar suas lembranças. Além de reduzir a atenção do paciente, eles também podem causar uma mudança no fluxo normal de neurotransmissão, diminuição da consciência e liberação de neurotoxinas, fatores que podem determinar uma alteração na memória de curto prazo. Vale ficar atento.

4. Doenças graves

Algumas doenças graves, como insuficiência cardíaca ou doença renal crônica, também podem causar problemas na memória de curto prazo. Elas provocam a liberação de neurotoxinas, redução do sensório e da circulação cerebral, que estão entre os principais motivos para o rápido esquecimento.

5. Apneia obstrutiva do sono

Esta doença crônica é caracterizada pelo bloqueio parcial ou total das vias respiratórias, o que causa repetidas pausas na respiração durante o sono. Além do ronco, os principais sintomas da apneia obstrutiva são o aumento da agitação durante a noite, uma falta de disposição e a sonolência em excesso durante o dia. Esses três pontos afetam a atenção do indivíduo e, com isso, afetam também a capacidade de funcionamento da memória de curto prazo.

6. Transtorno do ciclo sono-vigília

O período de sono e de vigília dos seres humanos segue um padrão, conhecido como circadiano. Em condições normais, esse período está sincronizado com fatores naturais e oscila dentro de um período de 24 horas. Algumas coisas, porém, como o jet leg provocado por viagens em fusos horários diferentes, estresse e disfunções hormonais, podem causar alterações nesse ciclo. É aí que aparecem aquela famosa insônia ou a sonolência. Da mesma forma que a apneia, este problema pode afetar a atenção por causa da falta de disposição e sonolência, interferindo na memória de curto prazo da pessoa.

7. Doenças psiquiátricas

O transtorno de ansiedade, transtorno depressivo e outras doenças psiquiátricas podem causar perda de memória recente por diversos fatores, principalmente aqueles envolvendo o sistema nervoso. Elas podem ser responsáveis pela geração de neurotoxinas, provocar a diminuição da capacidade do sistema nervoso em se adaptar ao longo do desenvolvimento ou até mesmo afetar a capacidade de funcionamento dos neurotransmissores. Além da possibilidade do paciente sofrer com déficit de atenção, que também pode afetar a memória.

* Dicas para melhorar a memória de curto prazo:
-  Agendas, lembretes e anotações podem ser de grande utilidade;
- É possível treinar a memória de curto prazo com atividades padronizadas, que têm como objetivo estimular a atenção;
- Atividades como jogar videogame, ler, tocar instrumentos musicais, meditar e manter um estilo de vida ativo e ocupado contribuem para estimular a cognição.

Fonte: http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/7-fatores-que-podem-te-levar-a-perda-de-memoria-recente/

Dicas para aproveitar melhor sua consulta

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Para que você possa aproveitar melhor o tempo de sua consulta, listamos algumas dicas que podem contribuir para um melhor andamento de todo o tratamento:

- Com relação aos horários, procure sempre ser pontual. Atrasos ou adiantamentos podem causar transtornos, tanto para você, quanto para outros pacientes. Programe-se para chegar no horário marcado.

- A presença de um acompanhante é benéfica na maior parte dos atendimentos. Geralmente, um familiar, um amigo ou outro alguém com proximidade e interesse em sua saúde contribui com informações úteis e relevantes sobre o seu problema.

- Conte sua história no tempo certo! Faça um resumo do seu problema antes da consulta. Se possível anote o máximo de fatos em ordem cronológica. Isso ajuda para que nenhum detalhe importante fique esquecido.

- Anote também suas dúvidas e perguntas, assim o médico pode lhe orientar com calma e clareza. Afinal, ele está ali para lhe ajudar.

- Lembre-se da medicação: Anote todos os medicamentos que você toma habitualmente ou tomou enquanto esteve fazendo acompanhamento médico, mesmo se aparentemente, não achar que tenha relação com o seu quadro atual.

- Leve todos os exames relacionados ao seu problema atual, inclusive os antigos. Assim, o seu médico poderá chegar a um diagnóstico e a um tratamento com maior precisão e eficácia.

- Tire todas as suas dúvidas na consulta. Se precisar, anote o que o médico lhe disse. E lembre-se: o resultado do tratamento depende do comprometimento do paciente em seguir as recomendações médicas.

Por que as mulheres têm pavor de baratas?

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É uma cena familiar: o rapaz ouve gritos desesperados na cozinha e parte como um príncipe valente para defender a donzela. Chegando lá, descobre que o assustador intruso não passa de um inseto. Repugnante, vá lá, mas que não traz maiores perigos. Então, o que (ou quem) é capaz de explicar tamanho medo feminino?

Ansiedade feminina

Pesquisas citadas no livro Pânico, Fobias e Obsessões, editado pelo grupo do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas de São Paulo em 1994, mostram que, de fato, as mulheres têm duas vezes mais transtornos fóbico-ansiosos (de medo de multidão a claustrofobia, que é pavor de lugares fechados) do que os homens.

Homem não chora

Segundo a psicanalista Miriam Chnaiderman, do Instituto Sedes Sapientae, em São Paulo, o processo que leva a uma fobia (medo exagerado) é igual no homem e na mulher. O indivíduo projeta algum aspecto indesejado de si mesmo em um objeto externo, que passa a temer. O que acontece é que, num processo inconsciente, a pessoa “escolhe” onde depositar sua fobia.

Como fica meio ridículo para um homem sair berrando quando vê uma barata, ele “elege” outros motivos para se apavorar: avião, altura (acrofobia), aranha etc.

Bicho sujo e rastejante

O psicanalista Augusto Capelo, da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica, concorda: fobia é projeção de um conflito interno. “O objeto do medo é como uma metáfora do conflito”, explica. Seguidor dos ensinamentos do suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), que inventou o conceito de inconsciente coletivo e estudou o homem a partir de símbolos ancestrais, Capelo diz que a mulher teme a barata quando se sente “suja”. “Mulher tem mais propensão à fobia”, afirma Capelo. Mas, para ele, a fobia, dentro de certos parâmetros, pode ser positiva, ajudando o indivíduo a estruturar seu mundo interior.

A casa é minha

A barata sempre aparece como intrusa dentro da casa, que, por definição, é um espaço feminino. “No mato ninguém tem medo de barata”, diz o psiquiatra Edson Engels dos Santos, professor do Instituto H. Ellis, de formação terapêutica. As índias, em geral, nem ligam para barata.

O valor do inseto

Nem todas as culturas desenvolveram esse medo. É o que ensina a antropóloga da Universidade de São Paulo Lux Vidal: “O inseto na cultura primitiva é avaliado de acordo com o seu perigo real ou com um valor explícito que aquela cultura lhe atribui”.

Fonte: http://super.abril.com.br/cotidiano/porque-mulheres-tem-pavor-baratas-441100.shtml

Superando o Bullying

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Quando tinha somente 15 anos, a britânica Emma Day chegou a pesar quase 94 kg. Com agressões físicas e verbais na escola, agora com 22 anos, a garota superou todos os preconceitos acerca de seu corpo e com muita força de vontade tornou-se rainha de beleza de um concurso local, após perder aproximadamente 40 kg.

Durante a escola, Emma era, muitas vezes, espancada, xingada e tinha constantemente os seus objetos jogados no lixo. Destinada a mudar sua situação, a recém formada em enfermagem, começou a fazer atividades físicas em seu quarto, além de seguir dietas rigorosas.

Com uma notável perda de peso no ano passado, Emma decidiu competir em um concurso de beleza local. Ganhou na categoria Miss Teens Leed. No último domingo, a enfermeira participou de uma competição nacional.

Histórico

Para perder os 40 kg, Emma eliminou por completo alimentos industrializados de sua dieta. Começou a treinar por mais de uma hora, todos os dias, em uma tentativa de perder alguns quilos.

“Eu cheguei a um ponto em que disse: basta. Comprei uma pilha de DVDs de treinos (físicos) e comecei a praticar no meu quarto”, revelou ao tabloide britânico The Daily Mail.

Após perceber os verdadeiros resultados sobre o seu corpo e encorajada por seus amigos, Emma continuou com a sua série de abdominais, flexões e corridas diárias. “Estou tão feliz que fiz isso que nunca mais olhei para trás deste então”, falou ao The Daily Mail.

Fonte: https://estilo.catracalivre.com.br/2014/09/enfermeira-perde-40-kg-e-ganha-competicao-local-de-beleza/#

Prevenindo o déficit de atenção

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O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) apresenta sinais típicos como dificuldade de concentração, impulsividade e inquietação, todos num nível acima do normal, trazendo prejuízos para a vida da criança (ou do adulto) e de seus pais. Mas como nosso organismo em geral – e nosso cérebro em particular – pode ser treinado, pesquisas inglesas e norte-americanas vêm propondo estimular as habilidades que apresentam problemas em crianças com TDAH antes mesmo de o diagnóstico ser feito. Como estamos falando de brincadeiras e jogos infantis, não existe preocupação com efeitos colaterais ou prejuízos de longo prazo. É justamente o contrário.

Os pais e as crianças são convidados a participar de programas breves, com poucas semanas de duração, no qual aprendem diversas atividades como brincar de estátua, jogos da memória, “seu mestre mandou”, “morto-vivo” etc. A ideia central é que essas brincadeiras sejam incorporadas à rotina da família, e assim praticadas diariamente. Com isso, de forma divertida e sem contraindicações, os pais ajudam seus filhos a segurar seus impulsos – aguardando até que uma ordem seja completada, ou parando subitamente o que estão fazendo; a prestar atenção – guardando e manipulando informações; e a controlar a inquietação motora – desenvolvendo o autocontrole.

Hoje em dia, em tempos de informação ligeira, de leitura em diagonal e de incapacidade de aprofundamento, um dos maiores diferenciais em termos de educação que os pais podem passar para os filhos é justamente a capacidade de sentar quieto por tempo suficiente para leitura ou estudo. E isso pode ser uma grande brincadeira.

Laber-Warren, E. (2014). Concentrate Scientific American Mind, 25(2), 61-65

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/daniel-martins-de-barros/prevenindo-o-deficit-de-atencao/

As hiperatividades, a criança, seus pais e a nossa sociedade

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Ser hiperativo é normal. Pasmem. Isso mesmo. Tem-se falado muito do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), mas pouco se tem falado da inquietação normal e esperada da infância.  Nos primeiros 4 a 5 anos de vida, certo grau de agitação é esperado em toda criança. Por um lado, as explicações podem ser dadas pela neurobiologia. Por outro, as próprias modificações ambientais são as responsáveis.

Biologicamente falando, acredita-se hoje em um papel do próprio processo de amadurecimento do cérebro. Estudos utilizando exames de imagem têm comprovado que regiões frontais do cérebro são as últimas a completarem esta formação. Acontece que os processos mentais mais complexos, como a atenção, o “freio motor”, a capacidade de planejamento e a correta execução do que foi planejado, são preferencialmente coordenados, por estas regiões.  Daí o fato de crianças normalmente terem desatenção, hiperatividade e serem usualmente impulsivas, enquanto não alcançam essa maturação cerebral.

Em relação às mudanças ambientais, você já parou para pensar como ficamos “inquietos”, “agitados”, “desconfortáveis” quando algo de ruim nos acontece? Em alguns momentos, até tentamos esconder, mas muitas vezes estes sentimentos se tornam tão intensos que a resposta do corpo é impossível de ser camuflada. Se para nós é difícil, imagina para uma criança, que ainda não sabe nem nomear quando sente “ansiedade”, “tristeza”, “angústia”, e que ainda está aprendendo as regras sociais da “boa convivência”. Assim, fala-se, com razão: a criança sente pelo corpo (ainda mais que os adultos). Qualquer coisa que aconteça em seu meio pode trazer a esta criança um maior grau de agitação.

Ocorre que, algumas vezes, o grau em que estes sintomas acontecem atrapalham o desenvolvimento da criança, e o que poderia ser normal, não parece ser mais. Acontecimentos ambientais trazem um aumento tão grande das movimentações corporais que isto pode necessitar de uma ajuda. Assim, a criança pode chegar a ter dificuldades nas atividades acadêmicas ou na socialização com outras. É o que chamamos de “transtorno”.

Entretanto, esta “dificuldade” não é apenas da criança. Ela acontece por algum desnivelamento em uma balança na qual, de um lado, temos os próprios sintomas da criança e, do outro, as exigências da sociedade na qual ela vive. Portanto, para se falar adequadamente de transtornos na infância, precisamos conhecer estes dois lados: a criança e a sociedade.

Vivemos em uma sociedade na qual cada vez mais somos exigidos e, por isso, cada vez mais exigimos de nossas crianças. É prestar atenção na aula; fazer tarefas conforme as orientações dos adultos; ter horários; seguir regras; tirar as melhores notas, fazer atividades complementares. Cada vez mais exigimos mais cedo que as nossas crianças sejam adultas. Acontece que a natureza não permite e reclama destas exigências. Algumas crianças querem apenas ser crianças, e devem sê-los.  Os pais devem perceber quando isso acontece, para suspeitar que o problema pode estar na sociedade que estamos impondo às nossas crianças (os próprios pais, a família, a escola, o bairro). Neste caso, rever a sociedade, adequando às necessidades do “ser criança”, é o melhor caminho. Cada criança tem seu ritmo e  limite e é preciso respeitá-lo.

 Já em outras ocasiões, o problema está com a criança mesmo. Apesar de todas as adaptações e de uma sociedade relativamente compreensiva, o nível de hiperatividade, de desatenção e de impulsividade de uma criança é tanto, que isto traz consequências extremamente danosas a ela. Estas crianças, não param quietas um só minuto; não focam em quase nenhuma atividade; interrompem os outros de forma muito freqüente; arrumam conflitos com colegas por poucas coisas. Quando isso acontece, o olhar precoce dos pais, percebendo as dificuldades de seus filhos, pode mudar o destino dos mesmos. Uma criança que seria rotulada como a “chata”; a que “arruma confusão”, a “desrespeitosa”; a “burra”, pode passar a ser o oposto disso, permitindo que sua inteligência, sua generosidade e seu amor ao próximo aflorem e seu desenvolvimento social seja o melhor possível.

Hoje, a psiquiatria da infância e adolescência leva muito em consideração o desenvolvimento da criança para definir o que é normal ou patológico na infância. O TDAH, por exemplo, tem sido interpretado muito mais como um transtorno relacionado a um atraso relativo na maturação cerebral e não como um “não-amadurecimento”. Desta forma, com o passar dos anos e com o passar do desenvolvimento cerebral, os sintomas vão normalmente sendo amenizados, até que, um dia, podem chegar a desaparecer. Desta forma, seria melhor dizer que a criança “está com TDAH”e não que ela “tem TDAH”, como costumamos falar.

Esta outra forma de ver os problemas comportamentais na infância destaca o papel dos pais, dos professores e da família para um desenvolvimento adequado da criança. Deve-se olhar e cuidar logo, antes que outros olhares desacreditem no potencial da criança. Quando isso acontece, mesmo quando os sintomas melhoram com o amadurecimento, fica difícil desfazer os rótulos. Uma criança corretamente avaliada e que recebe olhares atentos, se desenvolve de forma saudável e gera ricos frutos para ela mesma, para os pais e para a sociedade.

Felipe Pinheiro de Figueiredo
Médico Psiquiatra
Psiquiatria da Infância e Adolescência
Analista do Comportamento
Doutorando Saúde Mental – FMRP- USP
CRM-PR: 31918

O amigo imaginário das crianças

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Quantas vezes você já ouviu falar de que crianças costumam ter amigos imaginários? Provavelmente várias vezes. No entanto, essa situação desperta uma série de questões por parte de pais e educadores. Isto é normal? Devo permitir ou inibir este “hábito”? Até que ponto isto é normal? Como lidar com esta situação? Se você tem alguma dessas dúvidas, não se preocupe: o amigo imaginário é algo tão natural quanto dúvidas sobre ele.

Amigos imaginários e o desenvolvimento real da criança
Você pode até achar esquisito, mas os amigos imaginários são parte comum da infância. Os amigos imaginários podem aparecer muito cedo, já aos dois anos, e continuar até os 8 anos. Um estudo já demonstrou que no mínimo 37% de crianças até 7 anos já tiveram pelo menos um amigo imaginário.
Mas por que as crianças criam amigos imaginários se elas são absolutamente saudáveis mentalmente?
Os amigos imaginários podem ser essenciais no desenvolvimento cognitivo e de habilidades sociais das crianças. Como as crianças ainda não têm uma estrutura mental bem formada e não entendem o mundo ao seu redor, elas criam amigos imaginários para que estes os ajudem a entender o mundo e também entender seu papel no mundo.
Ter um amigo imaginário faz com que a criança desabafe para seu amigo sobre seus problemas, conflitos e assim encontrem soluções para seguir em frente. É comum o surgimento de amigos imaginários em situações como mudanças de cidades, divórcio dos pais, morte de algo ou alguém querido e várias outras situações que possam vir a ser uma fonte de estresse para a criança.
As teorias atuais sobre os amigos imaginários costumam se basear fortemente nos estudos do pediatra e psiquiatra Donald Winnicott. Ele define que o amigo imaginário pode começar a partir de um objeto transicional. Por exemplo, um lençol que a criança costuma usar para encontrar conforto emocional pode funcionar como um amigo imaginário. Este lençol (ou um bichinho de pelúcia, ou qualquer outro objeto) muitas vezes é apresentado à criança como conforto emocional: a criança está triste, doente, apresentamos um ursinho para ela. Este objeto, chamado por Winnicott de transicional, ajuda a reassegurar a criança que tudo ficará bem, que ela não está sozinha. A partir daí a criança pode posteriormente passar desse objeto concreto para um imaginário.
É importante enfatizar que tanto Winnicott quanto outros profissionais da área afirmam que a criança tem consciência de que o amigo não é real. Ela pode agir e referir-se a ele como real, mas ela sabe que não é real.

Solidão X amigos imaginário
Quando uma criança desenvolve um amigo imaginário, frequentemente pensamos que isso aconteceu porque ela está sozinha. Embora isso seja verdade em alguns casos, nem sempre é uma regra. Um estudo conduzido pela professora da Universidade do Oregon, Marjorie Taylor, demonstrou que os amigos imaginários são igualmente presentes nas vidas de crianças solitárias (filhos únicos, crianças com dificuldade de socialização etc.), quanto nas crianças que não consideradas solitárias.
Outro estudo foi mais longe ainda. Jerome Singer, professor emérito da Universidade de Yale, descobriu em um longe estudo que crianças com amigos imaginários tendem a ser crianças criativas, com vocabulário mais rico e desenvolvido, e que sabem brincar de forma mais fácil que crianças que não têm amigos imaginários.

Os benefícios do amigo imaginário
Além de ser absolutamente normal, os amigos imaginários também podem trazer benefícios. Estudiosos da área dizem que embora o amigo seja imaginário, a interação é real.
Com os amigos imaginários as crianças podem aprender habilidades sociais. Elas aprendem a compartilhar seus sentimentos e também a receber e lidar com o sentimento dos outros. Na verdade, alguns pesquisadores acreditam que o amigo imaginário é uma manifestação consciente do nosso superego, a parte do nosso inconsciente que ajuda a limitar nossas ações (a não fazer/dizer algo que magoe outros, a ter limites sociais).
Além das habilidades sociais, amigos imaginários ajudam crianças a desenvolver a habilidade de solucionar problemas e a desenvolver a capacidade de abstração (antecipar consequências sem ter que realizar uma determinada ação).

Como agir se meu filho tiver um amigo imaginário?
Antes de mais nada, não entre em pânico. Se você leu tudo até agora, já deve estar sabendo que o amigo imaginário é algo natural e que pode beneficiar e muito o seu filho. Outras perguntas comuns são:
• Devo estimular meu filho a ter um amigo imaginário? Não. O amigo imaginário deve vir naturalmente, se não vier, deixe que seu filho siga seu próprio ritmo de desenvolvimento.
• Devo desencorajar o meu filho em relação a seu amigo imaginário? Não. Novamente, deixe seu filho seguir seu próprio ritmo. Normalmente os amigos imaginários somem com a mesma naturalidade com a qual apareceram.
• Devo interagir com o amigo imaginário do meu filho? Deixe que a criança decida quanta interação você pode ter. Lembre-se que o amigo imaginário faz parte da intimidade de seu filho, respeite este aspecto.
• Meu filho está usando o amigo imaginário para cobrir os próprios erros. Nesse caso, seja firme e encoraje seu filho a tomar responsabilidade em relação a suas ações. Se a criança insistir que foi o amigo que sujou o quarto, encoraje os dois a pedir desculpas e a limpar o quarto.

Por último, deixe que a natureza siga seu curso. Acredite, ela seguirá e esta fase pode ser bastante benéfica para você e para seu filho.

FONTE: http://psicologofacil.com.br/o-amigo-imaginario-das-criancas/

Robin Williams é encontrado morto

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O comediante Robin Williams foi encontrado morto nesta segunda em sua casa, no norte da Califórnia. Segundo autoridades locais, o ator, que tinha 63 anos, aparentemente se suicidou. Apesar de a causa da morte estar sob investigação, a suspeita é de asfixia. “Esta manhã eu perdi meu marido e meu melhor amigo, enquanto o mundo perdeu um de seus mais amados artistas e um belo ser humano. Meu coração está absolutamente partido”, disse a mulher de Williams, Susan Schneider.

O também comediante Steve Martin postou, em seu Twitter: “Eu não poderia estar mais atordoado com a perda de Robin Williams. Íntegro, um grande talento, parceiro de cena, alma genuína”. Pelo Twitter, a Casa Branca divulgou o pronunciamento do presidente Barack Obama: “Ele chegou em nossas vidas como um alien – mas acabou tocando cada elemento do espírito humano” disse, em referência ao personagem Mork, da série Mork & Mindy, que o deixou famoso no fim dos anos 1970.

Segundo a empresária do ator, Mara Buxbaum, ele sofria de uma depressão severa. Tendo lutado contra um vício no passado, Williams entrou em um centro de reabilitação no último mês para tentar se manter sóbrio. Fontes próximas ao ator disseram que ele não estava usando drogas ou álcool, mas estava frequentando o centro para “aperfeiçoar e focar” sua sobriedade após trabalhar em um cronograma maior do que o normal.

Autoridades locais disseram ter recebido uma ligação de emergência por volta do meio-dia (horário local) de ontem dizendo que Williams estava inconsciente em sua casa e não respirava.

Williams conquistou as telonas em filmes como Bom Dia, Vietnã (1987), e Uma Babá Quase Perfeita (1993). No entanto, foi um drama que rendeu a ele o Oscar de melhor ator coadjuvante: em Gênio Indomável (1997), ele interpretou o terapeuta Sean Maguire.

Em 2011, quando lançou o filme Happy Feet: O Pinguim 2, ele falou sobre a cirurgia no coração à qual se submeteu em 2009. “A operação foi há dois anos e continuo bem. Não senti medo, pelo menos uma vez tomei a decisão certa”, disse à agência EFE. Recuperado da recaída que teve em 2006 à dependência alcoólica – na época, o ator não bebia havia 20 anos – Williams disse ter a sorte de estar vivo.

Na época do lançamento da animação, ele deu entrevista ao Estado. Quando perguntado sobre seu bom humor, disse: “Não, não sou sempre assim e é estranho, porque as pessoas esperam que eu seja. Uma vez uma senhora me cutucou no aeroporto e me pediu para fazer algo engraçado. É como passar por Baryshnikov e gritar: ‘Dance, seu desgraçado’. Não funciona assim. Uma noite eu estava lendo para minha filha, ela tinha três anos. Eu estava todo animado e ela me cortou, dizendo: ‘Pai, não faça vozes. Só leia a história’”.

Em 2009, o ator apresentou o espetáculo de stand-up Armas de Destruição de Massa. Na ocasião, ele abordava temas pessoais, incluindo o alcoolismo. Ainda em entrevista ao Estado, disse que o palco foi terapêutico por tê-lo ajudado a falar de momentos difíceis, como a cirurgia no coração.

Ativo no Facebook, sua última postagem data de 30 de julho. Sob o texto “Primeiro olhar sobre Uma Noite no Museu 3. Espero que gostem”, ele postou um trailer do filme que gravou com atores como Ben Stiler, Rebel Wilson, Owen Wilson, Steve Coogan e Ricky Gervais. O filme deve ser lançado em dezembro.

Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,robin-williams-e-encontrado-morto,1542242

Escrita para curar

Escrita
O texto abaixo retrata como em alguns casos, escrever de forma orientada sobre experiências traumáticas pode ajudar pessoas a refletir sobre si e a superar a dor da perda e seus traumas.

Texto de Massimo Barberi
Há seis anos Marta perdera o marido em um acidente de carro. Embora tivesse, aparentemente, superado o trauma, custava-lhe manter as relações com os amigos e ainda mais conhecer novas pessoas. Dormia e comia muito pouco e um véu de tristeza permanente a atormentava. Por sugestão de pessoas próximas decidiu procurar ajuda terapêutica. Na primeira consulta, falou por meia hora. Depois se calou. E continuou calada nos três encontros seguintes.

Não é que não quisesse continuar (ou iniciar) a psicoterapia – simplesmente não conseguia falar. Ainda assim tentava: chegava na hora marcada e se empenhava para romper a própria mudez. Cerca de um mês após o início dos encontros o psicoterapeuta interrompeu seu silêncio com palavras que surpreenderam Marta: “É suficiente por enquanto. Na próxima semana, traga um caderno e uma caneta”. Marta levou o material pedido e – para sua surpresa – conseguiu expressar nos encontros seguintes muito mais do que imaginava. Por meio da escrita vieram as lágrimas, o reconhecimento da frustração e da raiva pela perda precoce, as associações que a remeteram a cenas de morte vividas na infância, as reflexões, de novo as palavras – e um novo alento.

Embora não seja muito comum, em certos casos, alguns psicoterapeutas recorrem, em vez da fala, à escrita. Registrar no papel experiências negativas, como um luto, pode ser uma técnica terapêutica eficaz em determinadas circunstâncias. Alguns estudos mostram efeitos da narrativa escrita sobre a saúde em geral, física e psíquica, mesmo de pessoas sãs. Os resultados são animadores, a tal ponto que a velha idéia do “caro diário” foi revalorizada.

“Na clínica, o objetivo é ajudar o paciente a compreender melhor as questões que o inquietam, aproximar-se dos sintomas e da dor psíquica de forma protegida, traduzindo emoções em palavras”, diz o professor de psicossomática Luigi Solano, da Universidade La Sapienza, em Roma, autor de Scrivere per pensare (Escrever para pensar, não lançado no Brasil). Ele acredita que a escrita terapêutica ajuda a pessoa a descrever detalhes de experiências negativas, explicitar sentimentos, colocar os fatos em ordem cronológica e estabelecer nexos. Para ele, escrever e falar não se contrapõem, mas, diferentemente do que se dá na comunicação verbal, na qual há espaço para associações inesperadas, que muitas vezes levam a questões inconscientes intrincadas – e fundamentais para o tratamento –, na escrita o foco é mais definido.

EXPERIÊNCIAS TRAUMÁTICAS
Estudo publicado no Journal of Paliative Medicine apóia a idéia de que descrever os próprios sentimentos e emoções em uma narração coerente dos fatos pode ser útil em situações específicas, como superar o luto da morte do cônjuge – a exemplo de Marta. Para medir a eficácia da técnica, os pesquisadores avaliaram os pacientes deprimidos depois de estes passarem por uma perda significativa e pediram a eles que registrassem regularmente seus sentimentos.

O primeiro estudo sobre a técnica da escrita foi realizado no início da década de 90, por James Pennebaker, diretor do Departamento de Psicologia da Universidade do Texas em Austin, com alguns de seus alunos. Pennebaker pediu que, durante quatro dias, cada estudante escrevesse todos os dias, por 15 minutos, pensamentos suscitados por experiências traumáticas, sem se preocupar com a qualidade dos textos e sem se identificar. Uma vez iniciada a escrita, os voluntários deveriam prossegui-la, sem se deter e sem dar atenção à ortografia, à gramática ou à estrutura do período. Os resultados foram surpreendentes: os estudantes, em geral de classe média alta, descreveram uma penosa lista de histórias trágicas. Estupros, violência na família, tentativas de suicídio e problemas com drogas foram os temas mais comuns. “Metade deles descreveu experiências que qualquer psicólogo consideraria traumáticas”, constatou Pennebaker.

A partir dessa primeira experiência, os alunos de Pennebaker foram acompanhados durante todo o ano escolar. Descobriu-se que a freqüência de suas visitas ao centro médico universitário diminuiu, pois os problemas somáticos reduziram em quantidade e intensidade. Essa foi a primeira demonstração de que a “técnica da escrita” pode ter efeito positivo na saúde em geral, inclusive a física.

Uma possível explicação é fornecida por pesquisas sobre os efeitos da escrita sobre o sistema imunológico. Expressar no papel as próprias experiências negativas parece aprimorar a percepção da pessoa a respeito de si, tornando a somatização mais tênue. Smyth constatou também a redução nos níveis de cortisol (hormônio produzido por uma glândula do sistema neuroendócrino, ativado nos momentos de stress) nos pacientes que escreveram sobre seus traumas.

POR QUE FUNCIONA?
Embora alguns psicanalistas ressaltem a importância da codificação verbal de conteúdos armazenados em forma não-verbal, outros reconhecem a mudança que a escrita é capaz de provocar na percepção de si. Algo similar àquilo que Sigmund Freud imputava ao papel do diário. A “voz do ausente”, expressão usada pelo fundador da psicanálise para designar a escrita, pode facilitar a elaboração de perdas e a aceitação do luto e da separação – o que abre caminho para reparações psíquicas.

Mas, afinal, como o registro das experiências no papel pode causar tantos benefícios? “É muito difícil encontrar uma única explicação para um fenômeno tão complexo”, reconhece Solano. “O fato é que ao longo da vida todos passamos por eventos mais ou menos traumáticos e, mesmo que estejamos bem e não apresentemos transtornos significativos, é provável que haja um elemento estranho em nossa mente que pode impedir o desenvolvimento máximo das potencialidades. Por isso, quando escrevemos regularmente sobre nossas emoções e trajetória, quase sempre vem à tona um evento que nos perturba. Escrever ajuda a reelaborar e superar essas vivências desagradáveis.”

Outra hipótese, complementar à anterior, sustenta que a escrita “ensina” a mente a pensar de forma mais complexa e articulada. “É uma espécie de exercício mental que ajuda nas relações com os outros e consigo mesmo”, afirma o psicólogo. Certos estudos demonstraram que, após escreverem seguindo essa técnica, as pessoas se tornaram mais ativas nas relações com os outros. “Os experimentos mostram ativação de habilidades sociais, maior facilidade para se expressar afetivamente e, em alguns casos, a escrita ajudou a redefinir metas profissionais”, observa. É como se, ao serem colocados no papel, desejos, necessidades e emoções se tornassem mais claros.

abril de 2008
Massimo Barberi
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/escrita_para_curar.html