Arquivo da tag: psiquiatria infantil

Psiquiatria Infantil: primeira consulta

     A consulta em Psiquiatria da Infância tem o intuito final de orientar os pais (e as crianças) quanto ao melhor tratamento para condições emocionais e comportamentais que possam estar atrapalhando a vida do seu filho. Podemos estar falando de queixas como hiperatividade, desatenção, problemas de aprendizado, tristeza, medo, ansiedade, problemas com o sono, o apetite e muitas outras.

Resultado de imagem para casal infantil psicologia

     É função do Psiquiatra com especialização na área infantil comparar as dificuldades que vêm acontecendo com a criança com o que seria esperado para outras crianças de mesma idade. Para isso, além de escutar os pais, precisará escutar a própria criança, e investigar os problemas em outros ambientes onde a criança vive, como escola, grupos religiosos e grupos de amizade. Assim, a avaliação em Psiquiatria Infantil compreende vários momentos, que não se findam em apenas uma consulta.

     Desta forma, não se assuste se na primeira consulta o Psiquiatra não chamar seu filho. Ele estará, inicialmente, verificando com os pais a real necessidade de vê-lo e, se o for, o seu filho será chamado em outra consulta antes da proposição diagnóstica.

     Além disso, leve, na primeira consulta, todos os exames realizados no ultimo ano, os nomes de medicamentos já tomados e dos profissionais que já atenderam ou atendem seus filhos. Se possível, tenha em mãos relatórios destes profissionais por escrito. Isto facilitará muito o processo de avaliação. Caso não os tenha, o médico solicitará aquilo que for necessário.

     Após a análise de toda a situação, o médico responderá se aquilo que acontece com o seu filho é, realmente, uma patologia e, se for, dará um nome para este problema (diagnóstico), e proporá caminhos terapêuticos embasados nas melhores evidências científicas, e realidade e interesse da família e da criança. Neste ponto, o tratamento pode (ou não) envolver medicação, e pode (ou não) envolver outras abordagens com outros profissionais. Neste caso, também é papel do Psiquiatra orientar a melhor forma de tratamento para você, te sugerir profissionais e procedimentos.

     Após este momento inicial, acompanhará frequentemente seu filho, avaliando a execução do plano terapêutico, para mensurar se ele vem sendo cumprido da melhor forma.

Autor:
DR FELIPE PINHEIRO DE FIGUEIREDO
CRM: 31918
RQE: 17208 -Psiquiatra
RQE: 17215 – Psiquiatria da Infância e Adolescência

O amigo imaginário das crianças

10574813_800166846684174_1956467082_o3

Quantas vezes você já ouviu falar de que crianças costumam ter amigos imaginários? Provavelmente várias vezes. No entanto, essa situação desperta uma série de questões por parte de pais e educadores. Isto é normal? Devo permitir ou inibir este “hábito”? Até que ponto isto é normal? Como lidar com esta situação? Se você tem alguma dessas dúvidas, não se preocupe: o amigo imaginário é algo tão natural quanto dúvidas sobre ele.

Amigos imaginários e o desenvolvimento real da criança
Você pode até achar esquisito, mas os amigos imaginários são parte comum da infância. Os amigos imaginários podem aparecer muito cedo, já aos dois anos, e continuar até os 8 anos. Um estudo já demonstrou que no mínimo 37% de crianças até 7 anos já tiveram pelo menos um amigo imaginário.
Mas por que as crianças criam amigos imaginários se elas são absolutamente saudáveis mentalmente?
Os amigos imaginários podem ser essenciais no desenvolvimento cognitivo e de habilidades sociais das crianças. Como as crianças ainda não têm uma estrutura mental bem formada e não entendem o mundo ao seu redor, elas criam amigos imaginários para que estes os ajudem a entender o mundo e também entender seu papel no mundo.
Ter um amigo imaginário faz com que a criança desabafe para seu amigo sobre seus problemas, conflitos e assim encontrem soluções para seguir em frente. É comum o surgimento de amigos imaginários em situações como mudanças de cidades, divórcio dos pais, morte de algo ou alguém querido e várias outras situações que possam vir a ser uma fonte de estresse para a criança.
As teorias atuais sobre os amigos imaginários costumam se basear fortemente nos estudos do pediatra e psiquiatra Donald Winnicott. Ele define que o amigo imaginário pode começar a partir de um objeto transicional. Por exemplo, um lençol que a criança costuma usar para encontrar conforto emocional pode funcionar como um amigo imaginário. Este lençol (ou um bichinho de pelúcia, ou qualquer outro objeto) muitas vezes é apresentado à criança como conforto emocional: a criança está triste, doente, apresentamos um ursinho para ela. Este objeto, chamado por Winnicott de transicional, ajuda a reassegurar a criança que tudo ficará bem, que ela não está sozinha. A partir daí a criança pode posteriormente passar desse objeto concreto para um imaginário.
É importante enfatizar que tanto Winnicott quanto outros profissionais da área afirmam que a criança tem consciência de que o amigo não é real. Ela pode agir e referir-se a ele como real, mas ela sabe que não é real.

Solidão X amigos imaginário
Quando uma criança desenvolve um amigo imaginário, frequentemente pensamos que isso aconteceu porque ela está sozinha. Embora isso seja verdade em alguns casos, nem sempre é uma regra. Um estudo conduzido pela professora da Universidade do Oregon, Marjorie Taylor, demonstrou que os amigos imaginários são igualmente presentes nas vidas de crianças solitárias (filhos únicos, crianças com dificuldade de socialização etc.), quanto nas crianças que não consideradas solitárias.
Outro estudo foi mais longe ainda. Jerome Singer, professor emérito da Universidade de Yale, descobriu em um longe estudo que crianças com amigos imaginários tendem a ser crianças criativas, com vocabulário mais rico e desenvolvido, e que sabem brincar de forma mais fácil que crianças que não têm amigos imaginários.

Os benefícios do amigo imaginário
Além de ser absolutamente normal, os amigos imaginários também podem trazer benefícios. Estudiosos da área dizem que embora o amigo seja imaginário, a interação é real.
Com os amigos imaginários as crianças podem aprender habilidades sociais. Elas aprendem a compartilhar seus sentimentos e também a receber e lidar com o sentimento dos outros. Na verdade, alguns pesquisadores acreditam que o amigo imaginário é uma manifestação consciente do nosso superego, a parte do nosso inconsciente que ajuda a limitar nossas ações (a não fazer/dizer algo que magoe outros, a ter limites sociais).
Além das habilidades sociais, amigos imaginários ajudam crianças a desenvolver a habilidade de solucionar problemas e a desenvolver a capacidade de abstração (antecipar consequências sem ter que realizar uma determinada ação).

Como agir se meu filho tiver um amigo imaginário?
Antes de mais nada, não entre em pânico. Se você leu tudo até agora, já deve estar sabendo que o amigo imaginário é algo natural e que pode beneficiar e muito o seu filho. Outras perguntas comuns são:
• Devo estimular meu filho a ter um amigo imaginário? Não. O amigo imaginário deve vir naturalmente, se não vier, deixe que seu filho siga seu próprio ritmo de desenvolvimento.
• Devo desencorajar o meu filho em relação a seu amigo imaginário? Não. Novamente, deixe seu filho seguir seu próprio ritmo. Normalmente os amigos imaginários somem com a mesma naturalidade com a qual apareceram.
• Devo interagir com o amigo imaginário do meu filho? Deixe que a criança decida quanta interação você pode ter. Lembre-se que o amigo imaginário faz parte da intimidade de seu filho, respeite este aspecto.
• Meu filho está usando o amigo imaginário para cobrir os próprios erros. Nesse caso, seja firme e encoraje seu filho a tomar responsabilidade em relação a suas ações. Se a criança insistir que foi o amigo que sujou o quarto, encoraje os dois a pedir desculpas e a limpar o quarto.

Por último, deixe que a natureza siga seu curso. Acredite, ela seguirá e esta fase pode ser bastante benéfica para você e para seu filho.

FONTE: http://psicologofacil.com.br/o-amigo-imaginario-das-criancas/