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Comportamento Parental e a Influência Sobre os Filhos

Neste último mês a revista “Nature Human Behaviour” publicou resultados de um estudo que aprofunda e comprova o que a ciência comportamental infanto-juvenil tem demonstrado há alguns anos.

Um comportamento adequado dos pais em direção aos filhos tem impactos no bem-estar e na saúde mental dos filhos. E estes impactos não são pequenos. Os autores norte-americanos e canadenses avaliaram diversos aspectos relacionados à relação entre pais e filhos, em mais de 13.000 adolescentes e jovens e verificaram que maiores níveis de satisfação na relação entre pais e filhos estiveram associados a uma melhora no bem-estar, menor risco de adoecimento mental, transtornos alimentares, sobrepeso e uso de maconha.
Além disso, maiores níveis de respeito dos filhos para com os pais e frequência regular de jantares em família estiveram associados a um maior bem estar, menos sintomas depressivos, menores níveis de comer em excesso e comportamentos sexuais de risco. 
Este é mais um estudo que comprova a importância da orientação de pais para um cuidado adequado aos filhos. Será que você tem sido um bom pai/mãe? Será que tem agido adequadamente ante aos problemas do dia-a-dia que acontecem com seus filhos?

 

Autor: 

Dr Felipe Pinheiro de Figueiredo 
CRM: 31918 |RQE: 17208  |RQE:17215

 

Tentativa de suicídio na criança e no adolescente: vamos falar sobre isso?

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Seguindo a linha do outubro rosa e do novembro azul, poucos sabem, mas setembro também foi um mês de cor e de mobilização por uma causa importante. O chamado “setembro amarelo” é internacionalmente conhecido como o mês de alerta para o Suicídio.

Este tem sido um grande tabu para a sociedade, dificultando a troca de informações entre as pessoas. Por motivos religiosos, sociais e até econômicos, poucos tem coragem de falar sobre isso, e, quando falam, quem escuta não tem a menor noção de como agir. Apesar de silencioso, o problema está aí, e cada vez maior e mais intenso. A estimativa para os dias atuais é de que cerca de 800 mil pessoas cometam suicídio anualmente. E o pior é que este é um número bem abaixo do real, afinal, muitas intoxicações por venenos, uso abusivo de remédios, atropelamentos, acidentes automobilísticos, ferimentos por armas brancas ou armas de fogo passam despercebidos como possíveis causas de morte autodirecionada.

O suicídio é só a ponta de um grande iceberg. Quantos são aqueles que pensam, planejam e agem direcionando-se à morte sem necessariamente fazê-lo? (…) Estima-se que apenas 1% dos chamados “comportamentos suicidas” chegam realmente ao sistema público de saúde. O restante, passa despercebido, sendo escondido pelo próprio indivíduo ou pela família, achando que “um dia passa” ou que “era uma tentativa de chamar a atenção”.

E assim, os números vão crescendo. Calcula-se que entre 2000 e 2010 tenha havido um crescimento de cerca de 30% da incidência de casos de suicídio na população jovem. Esta é a parcela da população de maior impacto e na qual, infelizmente, mais vem aumentando os casos de comportamentos suicidas. Nossos jovens estão buscando a própria morte e ninguém tem falado sobre isso. Falta a informação à população de que isso existe, e que pode até ser uma tentativa de chamar atenção, mas se este jovem precisa de algo tão extremo para chamar a atenção, é um sinal de que algo não vai bem em sua vida psíquica…

Adolescentes a partir dos 11 anos têm um conhecimento mais claro do que é a morte socialmente conceituada. Nestes, muitos comportamentos são direcionados com a intenção de chegar-se ao ato. Abaixo desta faixa etária, em crianças, a intencionalidade da morte nem sempre é tão óbvia assim. Até porque a morte, para muitas crianças, pode ser apenas uma forma de dormir mais cedo ou uma forma de “encontrar” um ente querido ou até um animal de estimação do qual sente muita falta.

De qualquer forma, devemos nos alertar a qualquer comportamento lesivo autodirecionado, independentemente da idade da pessoa que o comete, da intencionalidade ou do real conhecimento do conceito da morte. Precisamos nos atentar às diferentes formas de se pedir ajuda, inclusive as que não passam tão claramente pelas palavras, e sim por atos.

Muitas vezes, a família, contaminada pelos sentimentos de raiva, impotência, desespero ou dúvida, acaba não conseguindo perceber claramente o risco dos atos. Por isso, a avaliação da real intencionalidade e do risco de novas tentativas precisa SEMPRE passar pelo julgamento de um médico com habilitação e experiência no assunto. Escute nossos jovens, eles podem estar querendo falar.

Dr. Felipe Pinheiro de Figueiredo, médico Psiquiatra da Infância e Adolescência, CRM-PR 31918, Especialista em Análise do Comportamento, Doutor em Saúde Mental pela faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Atua na “Essentia- Clínica de Psiquiatria”, em Maringá, no Centro de Atenção Psicossocial Infanti-juvenil (CAPSi) e é professor de Psiquiatria do curso de Medicina da UNICESUMAR.

Adolescente desafiador: Um problema médico no qual a família precisa ser olhada.

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Então seu filho não é mais uma criança. De repente, ele adolesceu! Para muitos pais este momento só é reconhecido após uma discussão, um bate-boca, um surto de agressividade. Dentro do desenvolvimento psíquico normal, a adolescência é o momento onde a criança passa a não mais ser “dos pais”, preparando-se para ser “de si”. Por isso, surgem alguns conflitos com os pais e com a família. Em síntese, o objetivo final da adolescência é o distanciamento dos pais. Para isso, é preciso contrapor e encontrar o seu jeito.Apesar desses conflitos naturais e saudáveis para o desenvolvimento, a adolescência não precisa instaurar na família um estado de guerra, dividindo os integrantes e colocando pessoas em berlindas. Além disso, as contraposições às regras e aos limites colocados por adultos não devem ser tão intensas, nem tão frequentes, durando meses. Também não devem atrapalhar o funcionamento esperado do mesmo, seja na escola, na família, com os amigos e parentes. Uma boa medida para esta intensidade dita patológica são os demais adolescentes da mesma idade e condição de vida. Nos casos em que isso acontece, é preciso ação para busca de ajuda: você pode estar diante daquilo que a Medicina e a Psicologia chamam de Transtorno Desafiador – Opositor (TDO).

Preferencialmente, a busca de ajuda para o TDO deve então iniciar no consultório de um médico especializado em comportamento humano: o Psiquiatra. Diferentes causas neurobiológicas, psicológicas e sociais se mesclam em diferentes intensidades, levando a este fim comum. Há que se perceber quais são estas e por onde começar a agir. Transtornos depressivos, bipolares, de déficit de atenção e hiperatividade podem estar na raiz do problema, devendo ser tratado com os melhores arsenais terapêuticos. O Transtorno de conduta pode estar a caminho, afinal, é uma constante complicação do TDO. Assim, deve-se tomar uma atitude intensiva de tratamento.

Apesar desses possíveis caminhos de tratamento, deve-se perceber que, psicologicamente, o TDO é, no fim, um problema da relação familiar, apesar de a origem estar no sujeito adolescendo. Assim, toda a família precisa ser cuidada, e o adolescente não pode (nem deve) ser acusado, sendo levado à consulta com o Psiquiatra como uma punição para o que está acontecendo com a família. Neste sentido, tanto os pais quanto o adolescente devem procurar esta ajuda. Os pais devem se colocar no problema, e não sair dele. Só assim, o adolescente voltará a ver sentido em ser ajudado.

MATÉRIA POR:
FELIPE P. DE FIGUEIREDO
PSIQUIATRIA
CRM/PR: 31918 RQE 17208 | RQE: 17215 | MARINGÁ

 

 

Adolescência: momento singular para a vida.

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Quer saber sobre o futuro de uma sociedade? Olhe para os adolescentes. Isto mesmo. Não há momento mais fluido e repleto de alterações que a adolescência. E o adolescente, por ser um quadro branco que espelha o seu ambiente, é o retrato mais fiel de uma sociedade futura.

Proveniente do latim, adolescere significa crescer. Estamos aí falando não só do desenvolvimeto físico; estamos falando de desenvolvimento de atributos e interesses sexuais, modificações da forma de entender o mundo e o seu papel dentro dele. A Adolescência é o momento de encontro consigo mesmo. O momento onde a criança passa a não mais ser “dos pais”, preparando-se para ser “de si”.

Antes disso, no entanto, muitas são as “crises”, as idas e vindas. Adolescer é ter crises. E isto é normal. Mais que isso; isto é saudável. Pasmem. De uma admiração para com os pais, o adolescente passa a admirar os amigos; passa a adquirir hábitos provenientes de outras famílias, questionando-se sobre suas atitudes, direitos e deveres. E assim vai tentando se encontrar e esboçando sua própria imagem…

Existem pais que não suportam ver este distanciamento. Que é difícil, sem dúvida o é. Perceber aquela criança, miniatura de si, individualizando-se e modificando-se em direção a outros, é, sem dúvida, tarefa Hercúlea com a qual os pais precisam se deparar.

Neste momento, as buscas por ajudas médicas fazem muitas vezes parte do arsenal com o qual os pais tentam lidar com estas dificuldades. Com todas estas crises e com todas estas lutas, o fato é que a adolescência é o momento da vida no qual as principais psicopatologias se desenvolvem: depressão, ansiedade social, medos excessivos, manias, problemas alimentares, anorexia, transtorno bipolar, uso de drogas e diversas formas de comportamentos delinqu??entes, impulsivos e de risco… A lista é muito grande. O profissional médico, responsável por detectar se há anormalidades no desenvolvimento adolescente ou nas dinâmicas familiares, deve se posicionar ao detectar a existência de sintomas como estes, visando impedir o aparecimento de problemas mais sérios e crônicos na vida adulta. Muitas vezes, esta intervenção dirige-se, também, à postura dos pais, não aceitadores deste processo natural do adolescer. Neste caso, o melhor a fazer é assistir o desenrolar dos crescimentos: do adolescente e dos pais.

É neste processo de mudanças das famílias e de si, que o jovem vai testando diferentes grupos e tribos; hipotetisa, experimenta, conclui e toma novas decisões. Ao final, somando a bagagem psíquica de seus pais com aquilo que aprendeu com a sociedade, o adolescente vira adulto. Dono de si. Protagonista do mundo.

Matéria por:
FELIPE PINHEIRO DE FIGUEIREDO
Psiquiatra - CRM/PR 31918 | RQE 17208 | Maringá

GIOVANA GARCIA
Psiquiatra - CRM/PR 24337 | RQE 17431 | Maringá

“A educação atual produz zumbis” – afirma psiquiatra chileno

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O psiquiatra chileno Claudio Naranjo, em entrevista à Época, diz que investir numa didática afetiva é a saída para estimular o autoconhecimento dos alunos e formar seres autônomos e saudáveis.

psiquiatra chileno Claudio Naranjo tem um currículo invejável. Formou-se em medicina na Universidade do Chile, especializou-se em psiquiatria em Harvard e virou pesquisador e professor da Universidade de Berkeley, ambas nos EUA. Desenvolveu teorias importantes sobre tipos de personalidade e comportamentos sociais. Trabalhou ao lado de renomados pesquisadores, como os americanos David McClelland e Frank Barron. Publicou 19 títulos. Sua trajetória pode ser classificada como irrepreensível pelo mais ortodoxo dos avaliadores. Ele é, inclusive, um dos indicados ao Nobel da Paz deste ano. É comum, no entanto, que Naranjo seja chamado, em tom pejorativo, de esotérico e bicho grilo. Há mais de três décadas, ele e a fundação que leva seu nome pregam que os educadores devem ser mais amorosos, afetivos e acolhedores. Ele defende que essa é a forma mais eficaz de ajudar todos os alunos – não só os melhores – a efetivamente aprender “e assim mudar o mundo”, como ele diz. Claudio Naranjo esteve no Brasil para participar do evento sobreeducação básica Encontro de Educadores.

ÉPOCA – O senhor é psiquiatra e desenvolveu teorias importantes em estudos de personalidade. Hoje trabalha exclusivamente com educação. Por que resolveu se dedicar a esse tema? Claudio Naranjo – Meu interesse se voltou para a educação porque me interesso pelo estado do mundo. Se queremos mudar o mundo, temos de investir em educação. Não mudaremos a economia, porque ela representa o poder que quer manter tudo como está. Não mudaremos o mundo militar. Também não mudaremos o mundo por meio da diplomacia, como querem as Nações Unidas – sem êxito. Para ter um mundo melhor, temos de mudar a consciência humana. Por isso me interesso pela educação. É mais fácil mudar a consciência dos mais jovens.

ÉPOCA – Quais os problemas do modelo educacional atual na opinião do senhor? Naranjo – Temos um sistema que instrui e usa de forma fraudulenta a palavra educação para designar o que é apenas a transmissão de informações. É um programa que rouba a infância e a juventude das pessoas, ocupando-as com um conteúdo pesado, transmitido de maneira catedrática e inadequada. O aluno passa horas ouvindo, inerte, como funciona o intestino de um animal, como é a flora num local distante e os nomes dos afluentes de um grande rio. É uma aberração ocupar todo o tempo da criança com informações tão distantes dela, enquanto há tanto conteúdo dentro dela que pode ser usado para que ela se desenvolva. Como esse monte de informações pode ser mais importante que o autoconhecimento de cada um? O nome educação é usado para designar algo que se aproxima de uma lavagem cerebral. É um sistema que quer um rebanho para robotizar. A criança é preparada, por anos, para funcionar num sistema alienante, e não para desenvolver suas potencialidades intelectuais, amorosas, naturais e espontâneas.

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ÉPOCA – Como é  possível mudar esse modelo? Naranjo – Podemos conceber uma educação para a consciência, para o desenvolvimento da mente. Na fundação, criamos um método para a formação de educadores baseado em mais de 40 anos de pesquisas. O objetivo é preparar os professores para que eles se aproximem dos alunos de forma mais afetiva e amorosa, para que sejam capazes de conduzir as crianças ao desenvolvimento do autoconhecimento, respeitando suas características pessoais. Comprovamos por meio de pesquisas que esse é o caminho para formar pessoas mais benévolas, solidárias e compassivas. Hoje a educação é despótica e repressiva. É como se educar fosse dizer faça isso e faça aquilo. O treinamento que criamos está entre os programas reconhecidos pelo Fórum Mundial da Educação, do qual faço parte. Já estive com ministros da Educação de dezenas de países para divulgar a importância dessa abordagem.

>> A conta do fracasso na educação

ÉPOCA – E qual foi a recepção? Naranjo – A palavra amor não tem muita aceitação no mundo da educação. Na poesia, talvez. Na religião, talvez. Mas não na educação. O tema inteligência emocional é um pouco mais disseminado. É usado para que os jovens tomem consciência de suas emoções. É bom que exista para começar, mas não tem um impacto transformador. A inteligência emocional é aceita porque tem o nome inteligência no meio. Tudo o que é intelectual interessa. Não se dá importância ao emocional. Esse aspecto é tratado com preconceito. É um absurdo, porque, quando implementamos  uma didática afetuosa, o aluno aprende mais facilmente qualquer conteúdo. Os ministros da Educação me recebem muito bem. Eles concordam com meu ponto de vista, mas na prática não fazem nada. Pode ser que isso ocorra por causa da própria inércia do sistema. O ministro é como um visitante que passa pelos ministérios e consegue apenas resolver o que é urgente. Ele mesmo não estabelece prioridades. Estou mais esperançoso com o novo ministro da Educação de vocês (Renato Janine Ribeiro). Ele me convidou para jantar, para falarmos sobre minhas ideias. É a primeira vez que a iniciativa parte do lado do governo. Ele é um filósofo, pode fazer alguma diferença.

“Quando há amor na forma de ensinar, o aluno aprende mais facilmente qualquer conteúdo”  

ÉPOCA – Para quem decidiu ser professor, não seria natural sentir amor, compaixão e vontade de cuidar do aluno? Naranjo – Uma vez dei uma aula a um grupo de estudantes de pedagogia na Universidade de Brasília. Fiquei muito decepcionado com a falta de interesse. Vendo minha expressão, o coordenador me disse: “Compreenda que eles não escolheram ser educadores. Alguns prefeririam ser motorista de táxi, mas decidiram educar porque ganham um pouco mais e têm um pouco mais de segurança. Estão aqui porque não tiveram condições de se preparar para ser advogados ou engenheiros ou outra profissão que almejassem”. Isso acontece muito em locais em que a educação não é realmente valorizada. Quem chega à escola de educação são os que têm menos talento e menos competência. Não se pode esperar que tenham a vocação pedagógica, de transmitir valores, cuidar e acolher.

>> Brasil fica em 60° lugar em ranking mundial de educação em lista com 76 países ÉPOCA – O senhor diz que o sistema de educação atual desperdiça talentos, rotulando-os com transtornos e distúrbios. Pode explicar melhor esse ponto? Naranjo – Humberto Maturana, cientista chileno, me contou que a membrana celular não deixa entrar aquilo que ela não precisa. A célula tem um modelo em seus genes e sabe o que necessita para construir-se. Um eletrólito que não lhe servirá não será absorvido. Podemos usar essa metáfora para a educação. As perturbações da educação são uma resposta sã a uma educação insana. As crianças são tachadas como doentes com distúrbios de atenção e de aprendizado, mas em muitos casos trata-se de uma negação sã da mente da criança de não querer aprender o irrelevante. Nossos estudantes não querem que lhe metam coisas na cabeça. O papel do educador é levá-lo a descobrir, refletir, debater e constatar. Para isso, é essencial estimular o autoconhecimento, respeitando as características de cada um. Tudo é mais efetivo quando a criança entende o que faz mais sentido para ela.

ÉPOCA – Por que a educação caminhou para esse modelo? Naranjo – Isso surgiu no começo da era industrial, como parte da necessidade de formar uma força de trabalho obediente. Foi uma traição ao ideal do pai do capitalismo, Adam Smith, que escreveu A riqueza das nações. Ele era professor de filosofia moral e se interessava muito pelo ser humano. Previu que o sistema criaria uma classe de pessoas dedicadas todos os dias a fazer só um movimento de trabalho, a classe de trabalhadores. Previu que essa repetição produziria a deterioração de suas mentes e advertiu que seria vital dar a eles uma educação que lhes permitisse se desenvolver, como uma forma de evitar a maquinização completa dessas pessoas. Sua mensagem foi ignorada. Desde então, a educação funciona como um grande sistema de seleção empresarial. É usada para que o estudante passe em exames, consiga boas notas, títulos e bons empregos. É uma distorção do papel essencial que a educação deveria ter.

>> O professor é o fator que mais influencia na educação das crianças

ÉPOCA – Há algo que os pais possam fazer? Naranjo – Muitos pais só querem que seus filhos sigam bem na escola e ganhem dinheiro. Acho que os pais podem começar a refletir sobre o fato de que a educação não pode se ocupar só do intelecto, mas deve formar pessoas mais solidárias, sensíveis ao outro, com o lado materno da natureza menos eclipsado pelo aspecto paterno violento e exigente. A Unesco define educar como ensinar a criança a ser. As Constituições dos países, em geral, asseguram a liberdade de expressão aos adultos, mas não falam das crianças. São elas que mais necessitam dessa liberdade para se desenvolver como pessoas sãs, capazes de saber o que sentem e de se expressar. Se os pais se derem conta disso, teremos uma grande ajuda. Eles têm muito poder de mudança. 

FONTE: http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2015/05/claudio-naranjo-educacao-atual-produz-zumbis.html