Dentro de cada patologia nota-se uma pesquisa aprisionada em conceitos, linguagens, métodos e terminologias próprias de cada especialidade, definindo um diagnóstico, dificultando e muitas vezes impedindo a comunicação até mesmo de profissionais. O diagnóstico é fundamental para orientar os responsáveis legais a levarem aos profissionais adequados em busca de um tratamento precoce em todas as áreas abrangidas, para ser um participante na vida, contribuindo para a socialização e diminuição dos medos e angústias de familiares e responsáveis.
Entretanto, conforme D’antino 2008, o espaço da produção científica é incipiente no trato interdisciplinar das questões que envolvem novas tecnologias de diagnóstico e intervenções, no âmbito clínico, terapêutico e educacional.
Para o diagnóstico psicopedagógico devem ser considerados os níveis de abordagem metacientífica, científica e técnica, que variam entre profissionais, dependendo da postura teórica adotada. Baseado nesse aprisionamento, Moysés e Collares (2011) questionam em seus estudos a transformação de um diagnóstico de transtorno de leitura e escrita que deveriam receber intervenções pedagógicas em doenças neurológicas que jamais foram comprovadas com o intuito somente de visar lucro diante da indústria farmacêutica.
Destacando a importância para a construção de concepções teóricas que fazem sentido, conhecendo e enxergando conforme o próprio termo diz: diagnóstico origina-se do grego “diagnostikos” e significa discernimento, faculdade de conhecer, de ver através de.
Na avaliação psicopedagógico definimos o diagnóstico na linha da Epistemologia Convergente apresentada por Visca 1987, onde todo processo está estruturado em observar a dinâmica, a interação entre o cognitivo e o afetivo de onde resulta o funcionamento do sujeito. Iniciando na entrevista inicial e encerrando com a devolução.
Na psicopedagogia é realizada uma análise dos problemas do paciente e suas causa, levantando hipóteses através de sintomas que o indivíduo apresenta a sua queixa, da família e da escola. Para isso, torna-se necessário conhecer o sujeito em seus aspectos neurofisiológicos, afetivos, cognitivos e sociais, bem como entender a modalidade de aprendizagem do sujeito e o vínculo que o indivíduo estabelece com o objeto de aprendizagem, consigo mesmo e com o outro.
O psicopedagogo procura, portanto, compreender o indivíduo em suas várias dimensões para ajudá-lo a reencontrar seu caminho, superar as dificuldades que impeçam seu desenvolvimento e que estejam constituindo num bloqueio da comunicação dele com o meio que o cerca.
A investigação é um termo usado por Rubinstein (1987), e que define o diagnóstico. O profissional deve vasculhar e analisar o modo de como ele se expressa, seus gestos, a entonação da voz, o todo não só como ele se mostra, mas percebendo que ele pode ter algum problema imperceptível que está dificultando seu modo de viver.
Como afirma Rubinstein (1987), o psicopedagogo é como um detetive em busca pistas. Algumas podem ser falsas, outras irrelevantes, mas a sua meta fundamental é investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideração a totalidade dos fatores nele envolvidos, para, valendo-se dessa investigação, entender a constituição da dificuldade de aprendizagem.
Não pode ser considerado como um momento estático e sim uma avaliação do que envolve tanto os seus níveis atuais de desenvolvimento, quanto suas capacidades e possibilidades de desenvolvimento, a conclusão para assim fechar um diagnóstico com segurança.
Ele não é um estudo das manifestações aparentes que ocorrem no dia-a-dia escolar, social ou patológico, mas sim uma investigação profunda, na qual são identificadas as causas que interferem no desenvolvimento do aluno, sugerindo atividades adequadas para correção e/ou compensação das dificuldades, assim como medicamentos e terapias específicas, considerando as características de cada aluno. Nesse sentido, um professor deve ser ouvido assim como os responsáveis, pessoas que convivem com o paciente antes de se fechar um diagnóstico, quanto mais informação conter o dossiê levantado mais preciso ficara o diagnóstico, pois se basear somente por um manual com hipótese é muito vago.
Uma vez que consideramos o espaço psicopedagógico interventivo, necessitamos de um planejamento para essa intervenção, o diagnóstico é a avaliação onde alcançamos e confirmamos a queixa com detalhes e dicas para uma intervenção efetiva.
Todo esse trabalho deve ser em conjunto, realizado por uma equipe multidisciplinar, com participação ativa do paciente. Vivemos hoje uma fase dominada pela tecnologia, um momento em que a ciências em geral, e a ciências humanas em particular, tendem a buscar áreas de intersecção, formas de integração do conhecimento, buscando alcançar uma compreensão mais completa. A interdisciplinaridade passa apresentar uma abordagem qualitativa e efetiva para um diagnóstico.