Adolescente desafiador: Um problema médico no qual a família precisa ser olhada.

adolescente desafiador
Então seu filho não é mais uma criança. De repente, ele adolesceu! Para muitos pais este momento só é reconhecido após uma discussão, um bate-boca, um surto de agressividade. Dentro do desenvolvimento psíquico normal, a adolescência é o momento onde a criança passa a não mais ser “dos pais”, preparando-se para ser “de si”. Por isso, surgem alguns conflitos com os pais e com a família. Em síntese, o objetivo final da adolescência é o distanciamento dos pais. Para isso, é preciso contrapor e encontrar o seu jeito.Apesar desses conflitos naturais e saudáveis para o desenvolvimento, a adolescência não precisa instaurar na família um estado de guerra, dividindo os integrantes e colocando pessoas em berlindas. Além disso, as contraposições às regras e aos limites colocados por adultos não devem ser tão intensas, nem tão frequentes, durando meses. Também não devem atrapalhar o funcionamento esperado do mesmo, seja na escola, na família, com os amigos e parentes. Uma boa medida para esta intensidade dita patológica são os demais adolescentes da mesma idade e condição de vida. Nos casos em que isso acontece, é preciso ação para busca de ajuda: você pode estar diante daquilo que a Medicina e a Psicologia chamam de Transtorno Desafiador – Opositor (TDO).

Preferencialmente, a busca de ajuda para o TDO deve então iniciar no consultório de um médico especializado em comportamento humano: o Psiquiatra. Diferentes causas neurobiológicas, psicológicas e sociais se mesclam em diferentes intensidades, levando a este fim comum. Há que se perceber quais são estas e por onde começar a agir. Transtornos depressivos, bipolares, de déficit de atenção e hiperatividade podem estar na raiz do problema, devendo ser tratado com os melhores arsenais terapêuticos. O Transtorno de conduta pode estar a caminho, afinal, é uma constante complicação do TDO. Assim, deve-se tomar uma atitude intensiva de tratamento.

Apesar desses possíveis caminhos de tratamento, deve-se perceber que, psicologicamente, o TDO é, no fim, um problema da relação familiar, apesar de a origem estar no sujeito adolescendo. Assim, toda a família precisa ser cuidada, e o adolescente não pode (nem deve) ser acusado, sendo levado à consulta com o Psiquiatra como uma punição para o que está acontecendo com a família. Neste sentido, tanto os pais quanto o adolescente devem procurar esta ajuda. Os pais devem se colocar no problema, e não sair dele. Só assim, o adolescente voltará a ver sentido em ser ajudado.

MATÉRIA POR:
FELIPE P. DE FIGUEIREDO
PSIQUIATRIA
CRM/PR: 31918 RQE 17208 | RQE: 17215 | MARINGÁ

 

 

A síndrome de Munchausen por procuração

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A síndrome de Munchausen é uma doença psiquiátrica em que o paciente, de forma compulsiva, deliberada e contínua, causa, provoca ou simula sintomas de doenças, sem que haja uma vantagem óbvia para tal atitude que não seja a de obter cuidados médicos e de enfermagem. 
A síndrome de Munchausen “by proxi” (por procuração) ocorre quando um parente, quase sempre a mãe (85 a 95%), de forma persistentemente ou intermitentemente produz (fabrica, simula, inventa), de forma intencional, sintomas em seu filho, fazendo que este seja considerado doente, ou provocando ativamente a doença, colocando-a em risco e numa situação que requeira investigação e tratamento. Às vezes existe por parte da mãe o objetivo de obter alguma vantagem para ela, por exemplo, conseguir atenção do marido para ela e a criança ou se afastar de uma casa conturbada pela violência. Nas formas clássicas, entretanto, a atitude de simular/produzir a doença não tem nenhum objetivo lógico, parecendo ser uma necessidade intrínseca ou compulsiva de assumir o papel de doente (no by self) ou da pessoa que cuida de um doente (by proxy). O comportamento é considerado como compulsivos, no sentido de que a pessoa é incapaz de abster-se desse comportamento mesmo quando conhecedora ou advertida de seus riscos. Apesar de compulsivos os atos são voluntários, conscientes, intencionais e premeditados. O comportamento que é voluntário seria utilizado para se conseguir um objetivo que é involuntário e compulsivo. A doença é considerada uma grave perturbação da personalidade, de tratamento difícil e prognóstico reservado. Estes atos são descritos nos tratados de psiquiatria como distúrbios factícios. A síndrome de Münchausen por procuração é uma forma de abuso infantil. Além da forma clássica em que uma ou mais doenças são simuladas, existem duas outras formas de Munchausen: as formas toxicológicas e as por asfixia em que o filho é repetidamente intoxicado com alguma substância (medicamentos, plantas etc) ou asfixiado até quase a morte. 

Frequentemente, quando o caso é diagnosticado ou suspeitado, descobre-se que havia uma história com anos de evolução e os eventos, apesar de grosseiros, não foram considerados quanto a possibilidade de abuso infantil. Quando existem outros filhos, em 42% dos casos um outro filho também já sofreu o abuso (McCLURE et al, 1996). É importante não confundir simulação (como a doença simulada para se obter afastamento do trabalho, aposentar-se por invalidez, receber um seguro ou não se engajar no serviço militar). Alguns adolescentes apresentam quadro de Munchausen by self muito similares aos apresentados por adultos. 

A doença pode ser considerada uma forma de abuso infantil e pode haver superposição com outras formas de abuso infantil. À medida que a criança se torna maior há uma tendência de que ela passe a participar da fraude e a partir da adolescência se tornarem portadores da síndrome de Münchausen clássica típica em que os sintomas são inventados, simulados ou produzidos nela mesma. Ao contrário do abuso e violência clássica contra crianças as mães portadoras da síndrome de Münchausen by proxy não são violentas nem negligentes com os filhos. 

O problema, descrito a primeira vez por Meadow em 1977, é pouco conhecido pelos médicos e sua abordagem é complexa e deve envolver além do médico e enfermagem, os especialistas na doença simulada, Psicanalistas/Psiquiatras/Psicólogos.

 

FONTE: http://psicanalisefocal.blogspot.com.br/2011/10/sindrome-de-munchausen-por-procuracao.html