Adolescência: momento singular para a vida.

adolescencia

Quer saber sobre o futuro de uma sociedade? Olhe para os adolescentes. Isto mesmo. Não há momento mais fluido e repleto de alterações que a adolescência. E o adolescente, por ser um quadro branco que espelha o seu ambiente, é o retrato mais fiel de uma sociedade futura.

Proveniente do latim, adolescere significa crescer. Estamos aí falando não só do desenvolvimeto físico; estamos falando de desenvolvimento de atributos e interesses sexuais, modificações da forma de entender o mundo e o seu papel dentro dele. A Adolescência é o momento de encontro consigo mesmo. O momento onde a criança passa a não mais ser “dos pais”, preparando-se para ser “de si”.

Antes disso, no entanto, muitas são as “crises”, as idas e vindas. Adolescer é ter crises. E isto é normal. Mais que isso; isto é saudável. Pasmem. De uma admiração para com os pais, o adolescente passa a admirar os amigos; passa a adquirir hábitos provenientes de outras famílias, questionando-se sobre suas atitudes, direitos e deveres. E assim vai tentando se encontrar e esboçando sua própria imagem…

Existem pais que não suportam ver este distanciamento. Que é difícil, sem dúvida o é. Perceber aquela criança, miniatura de si, individualizando-se e modificando-se em direção a outros, é, sem dúvida, tarefa Hercúlea com a qual os pais precisam se deparar.

Neste momento, as buscas por ajudas médicas fazem muitas vezes parte do arsenal com o qual os pais tentam lidar com estas dificuldades. Com todas estas crises e com todas estas lutas, o fato é que a adolescência é o momento da vida no qual as principais psicopatologias se desenvolvem: depressão, ansiedade social, medos excessivos, manias, problemas alimentares, anorexia, transtorno bipolar, uso de drogas e diversas formas de comportamentos delinqu??entes, impulsivos e de risco… A lista é muito grande. O profissional médico, responsável por detectar se há anormalidades no desenvolvimento adolescente ou nas dinâmicas familiares, deve se posicionar ao detectar a existência de sintomas como estes, visando impedir o aparecimento de problemas mais sérios e crônicos na vida adulta. Muitas vezes, esta intervenção dirige-se, também, à postura dos pais, não aceitadores deste processo natural do adolescer. Neste caso, o melhor a fazer é assistir o desenrolar dos crescimentos: do adolescente e dos pais.

É neste processo de mudanças das famílias e de si, que o jovem vai testando diferentes grupos e tribos; hipotetisa, experimenta, conclui e toma novas decisões. Ao final, somando a bagagem psíquica de seus pais com aquilo que aprendeu com a sociedade, o adolescente vira adulto. Dono de si. Protagonista do mundo.

Matéria por:
FELIPE PINHEIRO DE FIGUEIREDO
Psiquiatra - CRM/PR 31918 | RQE 17208 | Maringá

GIOVANA GARCIA
Psiquiatra - CRM/PR 24337 | RQE 17431 | Maringá